Análise dos Resultados do Bradesco no 2º Trimestre de 2023

O segundo trimestre de 2023 trouxe à luz os resultados do Bradesco (BBDC4), que revelam um cenário de obstáculos ao crescimento e à rentabilidade de sua carteira de crédito. Essa é a avaliação quase unânime entre os analistas que monitoram o “bancão”, mesmo diante de um aumento de mais de 12% no valor das ações ao longo do ano até o momento. As ações BBDC4 enfrentaram um declínio substancial, com um recuo de 5,92% registrado às 15h45 (horário de Brasília), chegando a R$ 15,57.

O banco registrou um lucro recorrente de R$ 4,5 bilhões no segundo trimestre de 2023 (1T23), marcando uma queda de 35,8% em relação ao ano anterior.

Desafios na Rentabilidade e Carteira de Crédito

A margem financeira totalizou R$ 16,6 bilhões, um incremento de 1,2% comparado ao mesmo período de 2022. Entretanto, quando considerada em relação ao primeiro trimestre, houve um declínio de 0,6%.

A carteira de crédito do Bradesco encerrou o segundo trimestre em R$ 868,69 bilhões, representando uma redução de 1,2% em relação ao primeiro trimestre. O banco atribui essa diminuição a um “reposicionamento da política de crédito voltada para modalidades de menor risco”.

Projeções Revisadas e Perspectivas de Recuperação

Em face dos desafios, o Bradesco revisou suas projeções para 2023. Após um crescimento acumulado de 1,6% na carteira de crédito no primeiro semestre, o banco agora prevê uma expansão entre 1% e 5% para o ano inteiro em comparação com 2022. Essa revisão indica uma mudança significativa em relação ao guidance anterior, que estimava um crescimento de 6,5% a 9,5%.

Opiniões dos Analistas

A equipe da XP Investimentos vê recentes valorizações nas ações do Bradesco, baseando-se em perspectivas de melhora futura dos resultados. No entanto, eles indicam que a mudança real pode estar um pouco distante, citando a inadimplência significativa e o crescimento limitado da carteira como fatores limitantes para a rentabilidade.

Analisando o fraco desempenho do segundo trimestre, o Itaú BBA prevê uma recuperação gradual no retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) da empresa, que atingiu 11,1%, ainda abaixo do custo de capital.

Desafios Futuros e Perspectivas

O Credit Suisse destaca que os números do segundo trimestre reforçam a visão de um ambiente desafiador para o crescimento das receitas. Embora melhore a qualidade dos ativos, os indicadores de inadimplência sinalizam uma persistente restrição de crédito, o que pode impactar as margens financeiras por mais tempo.

Com base nos dados do trimestre passado, o Credit não vê uma tendência de crescimento de lucro acima dos R$ 25,3 bilhões projetados pelo mercado para 2024. Isso poderia levar a avaliação do banco a múltiplos superiores aos de seus pares, e a recomendação para o papel foi mantida como neutra com um preço-alvo de R$ 18.

Análise dos Resultados do Bradesco no 2º Trimestre de 2023
Aplicativo do Bradesco — Foto: Divulgação

A Genial Investimentos observa que o Bradesco teve um desempenho misto no segundo trimestre de 2023. A vertical apresentou bons indicadores de lucro e expansão, mas resultados fracos em outras áreas, como a carteira de crédito. A casa também destaca que a provisão para crédito permanece alta.

O Morgan Stanley ressalta que o resultado operacional do Bradesco no período foi 11% inferior ao esperado, destacando que as provisões para perdas com empréstimos inadimplentes impactaram a linha do balanço. A margem financeira também sofreu devido à restrição de crédito, mas o banco vê sinais de melhoria na inadimplência.

Visões sobre o Futuro

O Morgan Stanley, embora reconheça desafios, mantém a recomendação “overweight” para o Bradesco, apontando sinais promissores que guiarão o futuro, incluindo a desaceleração da inadimplência. O banco projeta uma potencial reversão na margem financeira já no terceiro trimestre e a melhoria da alavancagem operacional com a recuperação das receitas.

Conclusão

Os resultados do Bradesco no segundo trimestre de 2023 refletem um cenário desafiador, com obstáculos no crescimento e na rentabilidade da carteira de crédito. Enquanto as ações enfrentam volatilidade, os analistas divergem quanto à recuperação iminente e às perspectivas de melhora. Diante da inadimplência, margens financeiras e projeções revisadas, a trajetória do banco continua sujeita a uma série de fatores que moldarão sua trajetória nos próximos períodos.