Ex-árbitros apontam erro em não marcar pênalti para o Corinthians contra o Grêmio

Dez ex-árbitros convergiram em sua análise, considerando que a arbitragem cometeu um equívoco ao deixar de assinalar um pênalti a favor do Corinthians no início do confronto contra o Grêmio, em que o Corinthians triunfou por 1 a 0 no último domingo, 12 de novembro, em Porto Alegre. Essa avaliação conjunta foi realizada por Paulo César de Oliveira, Carlos Eugênio Simon, Nadine Basttos, Manoel Serapião, João Paulo Araújo, Emidio Marques, Renato Marsiglia, Ulisses Tavares, Guilherme Ceretta e Alfredo Loebeling.

O incidente ocorreu aos oito minutos do primeiro tempo, quando o placar ainda permanecia empatado sem gols. Matheus Bidu, lateral-esquerdo, controlou a bola dentro da área gremista e encarou o goleiro Gabriel Grando, mas foi alvo de uma carga nas costas pelo lateral-direito João Pedro e acabou caindo. O árbitro da partida, Rodrigo José Pereira de Lima, optou por não marcar o pênalti.

Logo depois, o goleiro do Grêmio repôs a bola em jogo e, poucos segundos após o não marcado pênalti, Bruno Méndez realizou uma entrada dura em Lucas Besozzi, sendo expulso diretamente após a recomendação do VAR para revisão por parte de Rodrigo José Pereira de Lima. Contudo, a arbitragem de vídeo, sob o comando de Rafael Traci, não sugeriu a revisão do lance entre Matheus Bidu e João Pedro.

O que disseram os ex-árbitros?

Em participação no programa Troca de Passes, do SporTV, Paulo César de Oliveira avaliou que João Pedro agiu de maneira “imprudente” nas costas de Matheus Bidu e, portanto, o pênalti foi “claríssimo” e deveria ter sido assinalado em campo. Contudo, na visão de PC Oliveira, uma eventual marcação da penalidade não anularia o cartão vermelho aplicado a Bruno Méndez.

“A maneira como João Pedro disputou a bola, completamente imprudente. Ele não consegue atingir a bola. Entra de maneira imprudente, com carga nas costas. Pênalti claríssimo, que, se tivesse sido marcado em campo, não teria a entrada do Bruno Méndez na sequência. Mas vale destacar um ponto importante, que, se o VAR tivesse recomendado a revisão para o pênalti, o cartão vermelho não seria anulado”, declarou PC.

Os outros nove ex-árbitros opinaram sobre o lance em contato com o UOL. Carlos Eugênio Simon foi breve: “Jogador do Grêmio com o braço nas costas e a perna derruba o adversário. Pênalti!”, avaliou.

Nadine Basttos também acredita que o pênalti foi claro, corroborando com a visão de PC Oliveira de que João Pedro foi imprudente no lance.

“Foi pênalti! João Pedro foi imprudente e acabou derrubando o Matheus Bidu, o pênalti deveria ter sido marcado! O VAR diz que não foi o contato que derrubou o atacante, discordo completamente. Para mim o pênalti é claro”, disse Nadine.

Por sua vez, Manoel Serapião acredita que não foi uma falta “grosseira” de João Pedro, mas, mesmo assim, o pênalti deveria ter sido marcado, uma vez que Matheus Bidu estava em boas condições de finalização e foi atrapalhado pela imprudência do jogador gremista. O ex-árbitro não entendeu o porquê de Rafael Traci não ter recomendado a revisão para Rodrigo José Pereira de Lima.

“Pênalti claríssimo. O jogador sofreu carga por trás, pelas costas, e ainda teve uma alavanca. A infração não precisa ser grosseira, mas o suficiente para desequilibrar o jogador. Ele tinha o paraíso à sua frente, próximo da pequena área, com o goleiro distante, ninguém mais à frente. No vídeo não se vê diminuir passada, vê ele sofrer o penal indiscutível. Pênalti claro, não sei por que Traci não recomendou a revisão”, analisou.

Já João Paulo Araújo, Emidio Marques e Renato Marsigilia avaliam que Rodrigo José Pereira de Lima não deveria apenas ter marcado a penalidade, como também expulsado João Pedro, que atrapalhou uma oportunidade clara de gol do Corinthians.

“Pênalti claro, sem dúvida. Em qualquer outro lugar do campo, ele marcaria falta e daria amarelo. Nesse caso, era pênalti e vermelho, era oportunidade clara de gol. Errou e o VAR errou também, os dois erraram feio no lance. Não tem como não dar um pênalti desse, erro grosseiro do árbitro”, opinou João.

“Foi pênalti. O jogador do Corinthians recebe um tranco por trás, ia sozinho em direção à meta. Além da penalidade, o infrator deveria ser expulso por uma clara e manifesta oportunidade de gol. Por que o árbitro errou? Por estar muito próximo do lance e muito mal colocado”, reforçou Emidio.

“Ele tem que ver a ação dos jogadores de corpo inteiro e nunca por trás, isto elimina a profundidade. Ele teria que abrir a diagonal e ver a ação lateralmente como nos vimos aqui neste vídeo. Faltou discernimento ao VAR para alertar o árbitro para verificar a jogada por outros ângulos.”

“Pênalti claríssimo que deveria vir acompanhado de cartão vermelho para o jogador do Grêmio, que comete a infração sobre um jogador com clara e manifesta possibilidade de gol”, destacou Marsigilia.

Por fim, Ulisses Tavares, Guilherme Ceretta e Alfredo Loebeling também concordaram que o pênalti deveria ser marcado para o Corinthians.

“Foi muito pênalti, o jogador do Grêmio agarra o jogador do Corinthians e dá uma rasteira. Se aquilo não foi pênalti, não sei mais o que deve ser marcado”, apontou Ulisses.

“Foi pênalti. O VAR deveria sugerir revisão. Esse é o maior problema do campeonato até o momento: o VAR julgar e definir pelo árbitro de campo. Ele deveria, nesses casos, sugerir revisão sem tecer comentários que acabam influenciando os árbitros a tomarem decisões”, completou Ceretta.

“Para mim o pênalti é claríssimo, há uma carga por trás suficiente para derrubar o Bidu. Por que o VAR não chamou? Se olhar o protocolo do VAR, não teria que chamar. O árbitro está próximo do lance, tem campo visual, então é puramente interpretativo. Porém, estamos vendo no campeonato inteiro que o VAR está chamando em lances interpretativos. Estão esse questionamento tem sentido a partir de lances semelhantes, de pura interpretação, que o VAR participa”, concluiu Loebeling.

Áudio do VAR

Horas após o término da partida em Porto Alegre, a CBF divulgou o áudio da cabine da arbitragem de vídeo durante a análise do lance polêmico. Na conversa, o responsável pelo VAR, Rafael Traci, disse que Matheus Bidu “sentiu o contato e se jogou”. O assistente de VAR, Eder Alexandre, reforçou dizendo que o contato do jogador do Grêmio “não foi para derrubar” o lateral-esquerdo do Corinthians.