Dinâmica das Migrações Indígenas Venezuelanas no Brasil

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Conjunto com Ministérios e Parcerias Lança 2ª Edição do Relatório de Deslocamento de População Indígena Venezuelana no Brasil

Acompanhando a Mesa de Abertura, a Funai Participa da Inauguração da 2ª Edição do Relatório sobre Deslocamento Populacional Indígena Venezuelana no Território Brasileiro, Aprofundando as Origens, Destinos e Desafios

Introdução: A 2ª Edição do Relatório Nacional sobre a Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM) das Comunidades Indígenas Originárias da Venezuela no Brasil foi lançada recentemente, marcando um marco significativo na compreensão das migrações indígenas na nação. Em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a iniciativa representa uma colaboração profunda e multifacetada entre os atores governamentais, as autoridades locais e a sociedade civil, bem como o apoio da ONU.

Explorando as Origens e Destinos: Compreendendo um esforço conjunto, esta pesquisa inovadora engloba uma análise abrangente que se estende por todas as cinco regiões do Brasil. Após a primeira edição em 2021, o estudo se expandiu para abranger 28 cidades em 17 estados distintos, mapeando a presença de 3.725 indivíduos indígenas de 13 grupos étnicos diversos. Os povos incluídos são Akawaio, Arekuna, Chaima, Eñepa, Jivi, Ka’riña, Kamarakoto, Macuxi, Pemón, Taurepang, Warao, Wayuu e Ye’kwana. Mais de 210 profissionais participaram do processo de coleta de dados, entrevistando membros das comunidades por meio das redes do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e de Direitos Humanos.

Explorando a Dinâmica das Migrações Indígenas Venezuelanas no Brasil
OIM 2023/ BRUNO MANCINELLE

Perfis e Aspectos Socioeconômicos: A pesquisa se aprofundou nas lideranças e chefias de famílias indígenas, buscando entender as dinâmicas culturais do processo migratório e o acesso aos serviços no Brasil. Essa abordagem multifacetada proporcionou um perfil completo das comunidades, mostrando que 51% são homens e 49% mulheres, com uma população predominantemente jovem. Enquanto a maioria das famílias se encontra nas regiões Norte (73%) e Nordeste (17%), as chefias familiares são igualmente compostas por mulheres (55%) e homens (45%).

Motivações e Desafios: As razões que impulsionaram a migração das comunidades indígenas da Venezuela para o Brasil são diversas. Entre elas, destacam-se a busca por emprego (25%), atendimento médico (18%) e reunião familiar (18%). A escolha do Brasil como destino está ligada principalmente à busca por emprego (12%), atendimento médico (13%) e melhores condições de moradia e segurança alimentar (ambas com 10%). A pesquisa também revelou uma parcela significativa da comunidade Warao que se identifica como LGBTQIA+.

O Caminho a Seguir: Além do relatório, um Observatório Interativo baseado nos dados coletados foi apresentado, fornecendo um recurso valioso para a compreensão contínua das dinâmicas e desafios enfrentados por essas comunidades. As discussões que decorreram do lançamento contaram com a participação de especialistas de diversas áreas do governo, enriquecendo o diálogo entre as equipes locais e as lideranças indígenas envolvidas no estudo.

Conclusão: O lançamento da 2ª Edição do Relatório Nacional sobre a Matriz de Monitoramento de Deslocamento da População Indígena Venezuelana no Brasil é um testemunho da colaboração multifacetada e do esforço conjunto para entender e abordar as migrações indígenas de forma culturalmente sensível e eficaz. Esse evento foi uma oportunidade para líderes, especialistas e comunidades se unirem em um diálogo franco sobre os desafios e as oportunidades que essas migrações trazem para o cenário nacional.

O evento continua a decorrer até quarta-feira (2), com a participação ativa de especialistas governamentais, equipes locais e líderes indígenas, buscando inspirar ações e políticas públicas que respeitem as sensibilidades culturais e melhorem a vida dessas comunidades em seu novo contexto.